7.8.12

A Arte de escrever


(...)Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias(...)
  Clarice Lispector (Livro: A hora da Estrela, Pag: 21)

O que é o escrever? Isto para mim se tornou um grande paradigma, se tornou uma razão de ser. Afinal o que é essa grande arte, que é a arte de escrever? Durante boa parte de minha vida, tive acesso a vários escritores, li Jorge Amado, Machado de Assis, José Lins do Rego, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gular, Carlos Drummond de Andrade, Erico Veríssimo e tantos outros. 

Encantavam-me as suas histórias, a forma como elas eram feitas, onde se ambientavam os seus personagens, a trama, o desenrolar, o final, enfim. 

Depois fui para a universidade onde cursei Ciências Sociais, e meu acesso a literatura era mais restrito, passei a conhecer outros autores, como Marx, Engels, Weber, Durkhein, Maquiavel, Kant, Burke, Hobbes, Rousseau e tantos outros escritores. 

Lembro-me, que diversos professores me alertavam sobre a minha dificuldade de escrever, que um sociólogo tinha como única arma (alem do pensar), o escrever. E confesso, fui um péssimo aprendiz. 

Sempre tive como meta, quando entrei neste curso, me tornar um grande político, um ¨intelectual orgânico¨, citando Antonio Gramsci. Ser um interlocutor do povo no parlamento e alcançar uma melhor igualdade para as pessoas.  Hoje percebo que não sirvo para isso, mesmo com um pouco de utopia no coração, percebo, que isso não é para mim. 

Mas daí vem a grande realidade, o que fazer da vida? Sendo que me preparei para outra coisa? Foi daí que veio a salvação, a literatura, o escrever,  e o quanto eu poderia estar sendo um grande revolucionário, se eu escrevesse mais e falasse menos. 

Mas eis que, percebo as minhas limitações, na gramática, na ortografia, na concordância, nos verbos, ou seja, no Português inteiro. Descobri que sou péssimo para dar boa forma ao meu bom conteúdo, e infelizmente (posso estar enganado), quem manda é a forma e não o conteúdo.  

No entanto, uma luz piscou na minha mente atormentada, Marx tinha péssima ortografia, quem revisava os seus textos era sua esposa e nem por isso deixou de ter grandes idéias. Gramsci escreveu seus Cadernos dentro da cadeia, em condições adversas, o mesmo aconteceu com Graciliano.  Existem pessoas na atualidade que escreve com os olhos, por terem tetraplegia, porque não eu? 

Assim preciso escrever, desvendar os mistérios das palavras, porque palavras podem mudar o mundo, tanto quanto ações e muito mais do que as armas. É o que resta para a humanidade. Escrever. Eis o que quero ser, um escritor. E assim como grandes homens e mulheres que mudaram o mundo com as palavras eu também quero mudar. É o que resta para mim.  

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